Especial 08 de março – O PARANISMO DA MULHER

por Cristiane Fernandes

Meu primeiro contato com a Vila Capanema eu nem lembro. Era mesmo muito pequena. Meus pais eram sócios do Colorado e íamos fazer churrasco lá na Vila quase todo final de semana.

É engraçado que, mesmo muito machista e moralista, meu pai me levava aos jogos desde os dois ou três anos. E sou muito grata e orgulhosa dele por isso. Lembro-me de ele ficar muito constrangido e até brigar porque os homens falavam palavrão perto de mim. Mal sabia ele que esta liberdade estava acabando de me conquistar. O ambiente era enorme e eu era uma criancinha torcendo tão intensamente para aquela equipe jogando futebol. Na época só tinham homens. Apenas homens. Somente homens. Pelo menos no universo que o meu olho alcançava.

O paranismo da mulher, perdoem-me os meus amados amigos paranistas, é mais amoroso, bondoso e afetuoso. Já chorei muito pelo meu tricolor, muito mesmo. Já passei mal de achar que ía enfartar. Mas também já chorei algumas vezes de alegria e essa é uma sensação difícil de sair da memória. Não gosto que falem mal do meu time nem quando merece.

Em respeito à dignidade da pessoa humana, não denigro a imagem de jogador, nem quando tenho vontade de matá-lo, entendendo que ele é singular, parte de um todo gigante. Procuro ver os períodos de crise e má-fase do tricolor como parte de um processo que é cíclico, como os dias, as luas e as estações. E não acho saudável, sob nenhum aspecto, torcedor diminuir o valor de seu próprio time em rede social.

Hoje (08/03) o Paraná fez um vídeo incrível, em homenagem ao dia da mulher https://youtu.be/MK6cgdALJF0 As meninas exaltam, invocando me respeita, que são indagadas:

– Mas teu namorado deixa você ir ao jogo sozinha?

Teu marido deixa? – Teu pai deixa?

Elas estão certas. Ninguém tem que deixar. Esta pergunta não cabe mais. É lindo ver a Vila Capanema cheia de mulheres apaixonadas, mas pelo time; acolhedoras, algumas com seus filhos, outras com suas mães; tantas paranistas que, como eu, vão ao estádio sozinhas, independentes, fortes e preparadas para apoiar, para estar perto, para fazer parte do Paraná. No fundo é isso: o Paraná somos nós próprios e próprias, somado a tantos outros que fizeram parte da nossa história pretérita.

Eu vou ao estádio desde semPRe e todas as vezes com o mesmo encantamento, porque lá é o lugar em que eu me sinto mais livre no mundo, onde as emoções se revelam da maneira mais pura e espontânea possível, o tal paranismo, que os outros não entendem.

 

Cristiane Fernandes passará a ser colunista fixa da Paranautas e este é o primeiro texto dela, exatamente no Dia Internacional das Mulheres.



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