E fecha-se o ciclo

ventura

Nada de novo no Paraná Clube. O time jogou muito mal contra o Cascavel, como tem sido de sua essência, realizando mais uma partida extremamente apática, cheia de erros e ausente de jogadas mais objetivas. A coisa só não pode ser considerada tão ruim, explicitamente, quanto ao jogo de ontem, porque voltamos a ter sorte e, pelo menos, houve gols de bola parada, a permitirem uma vitória de virada, só não inteiramente sem mérito porque jogamos boa parte do tempo com um jogador a menos (ou, por outro ângulo de visão, enquanto o Defendi esteve de fora não nos atrapalhou), o que, por si só, já é sinal de evolução, mesmo se considerada a fragilidade do adversário.

Mas, com a peleja de ontem, podemos dizer, esperançosos, que se fechou mais um ciclo na vida do Paraná Clube, enquanto considerado seu time de futebol profissional de campo de grama.  Com isso, pretendo falar, adiante, um pouquinho de Rafael Vaz. Os amados leitores hão de se recordar que o Tricolor iniciou o ano com uma vitória.  A partida foi contra o Cerro Porteño, em caráter amistoso, como parecia ser a de ontem à noite, e, naquela oportunidade iniciávamos o ano de 2011, que se mostrou nada bom e nada profícuo, até o momento. Agora, espero, fechamos o ambiente mau de 2011.  Encerramos, pelo menos, aquele que foi, talvez, o mais negro período de nossa existência, vivenciado com muita dor, frustração, desesperança e vergonha, durante o referido quadrimestre.

Volto a falar de Rafael Vaz neste parágrafo. Tal cidadão chegou ao Paraná Clube e jogou aquela partida inicial e ilusória. E não foi outro o marcador do gol introdutório, senão ele, o mesmo Rafael Vaz, de cabeça, como se viu no noticiário de momento: “Henrique cobrou a falta e o zagueiro cabeceou para as redes”.  Deixo anotado, para depois comentar, que foi o lateral Henrique que cobrou a falta. Pois bem, o tema ainda é Rafael Vaz, que, naquele tempo, era “pintado” pela mídia como um dos expoentes do incipiente escrete, se não o melhor dentre eles, segundo alguns comentaristas esportivos, certamente arrependidos, logo em seguida, quando toda a equipe, incluído aí o ‘RV’, começou a mostrar a sua verdadeira face, a da fragilidade, da ausência de qualquer condição de disputar nem mesmo um campeonato de futebol da categoria infantil.

Aquele jogo era internacional, e amistoso, contudo, contra o Cerro Porteño – todos lembram -, e, com o resultado obtido, parecia que teríamos um ano melhor do que o anterior, e do que os anteriores, enfim.  Ledo engano nosso, pois, apesar de dispormos de dois times completos, tais plantéis, do nível de autênticos pangarés, eram, não bastasse isso, dirigidos por um Cavalo, e o time podre do potro-chefe não nos fez esperar muito, para logo demonstrar o quão errado era o seu trote. E o tal time (ou tais times) foi desfeito, agregando-se-lhe outros elementos, sem muito melhor resultado, até que a Gralha, fazendo-se de águia, espantou o Cavalo e alguns dos outros pangarés, adotando como novo guia um Pinto.  E o pio do tal novo técnico também não conseguiu encantar os jogadores e, tampouco, os torcedores, haja vista que pouca melhora resultou da mudança.

É verdade que, em termos de resultado final, nosso afundamento em trevas abissais, se deveu, um tanto, pelo desempenho no primeiro turno, em razão do qual não foi possível alcançar melhor sorte, justamente pela falta de uma efetiva melhoria, mesmo com as ‘reformas’ feitas.  O time continuou cabeça-de-bagre e seus torcedores ficaram à mercê do que tal grupo eventualmente conseguisse, com seu claudicante potencial. E assim foi até a sua última partida, que, espero, tenha sido o derradeiro momento de infelicidade, termo final de uma horripilante fase da vida do Tricolor.

Ontem não havia jogo amistoso, mas havia conotações de desinteresse, típicas de situações que tais. O time, muito ruim, como vimos ao longo do funesto quadrimestre, por pouco não nos propicia mais um vexame apto a nos imergir, mais ainda, no lodo da vergonha, da humilhação e da frustração absolutas.  A vitória no finalzinho do jogo, já no acréscimo de tempo, foi fruto da sorte, que parece estar querendo mudar para o nosso lado, neste apagar das luzes. Senão, vejamos: o time não jogou nada (isso é padrão), nunca soube cobrar faltas e escanteios (em toda a sua recente história) e esteve por boa parte do tempo da partida com um jogador a menos (por mais que fosse o Rodrigo Defendi, que mal defende e, expulso, parou de atrapalhar), mas venceu a partida, e de virada, com gols de bola parada, um de seus grandes defeitos, até então.

E é por tudo isso que passo a acreditar, agora, no fim do mau começo e a crer, firmemente, que ontem pudemos ver o começo do fim da má fase.  Penso que fechamos um ciclo de infelicidade, de impotência, de incongruência, de infertilidade. Foram exatos quatro meses do ano perdidos e outros oito ainda nos restam para a redenção de nossos anseios.  Abre-se, doravante, penso eu, um novo ciclo, quiçá bem melhor, a nos fazer esquecer o interregno inicial de 2011.

Sei que posso parecer um tanto supersticioso, mas alguém há de atribuir razão à minha especulação, pois, não há de se ver que começamos o ano com um gol de cabeça de Rafael Vaz, conforme já comentei?  E, mais: de quem foi o gol de cabeça que nos deu a vitória no jogo de ontem, jogo final de um campeonato desastroso para o coração tricolor?  Rafael Vaz, não é mesmo? E para os ainda não convencidos e ainda pouco otimistas: quem foi mesmo que cobrou a falta, no gol do primeiro jogo do ano, se não o Henrique, o cobrador do derradeiro escanteio do jogo de ontem, o jogo final do encerrado triste ciclo de 2011?

Acho que podemos, sim, apresentar melhora técnica, daqui para a frente. Bastarão alguns ajustes e uma boa dose de sorte, além de alguma superstição (afinal, futebol faz parte do contexto folclórico…). De minha parte, penso que já mudamos a nossa sorte e já fechamos um ciclo indesejável. Vamos então aos esperados ajustes, superstição e sorte, à parte.

 

Henrique Ventura, o Sênior   –   01.05.2011.

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