O CÉU E O INFERNO

Vou escrever sobre a minha recentíssima experiência de ser gandula.


Apenas o Paraná Clube Brasil seria capaz de me proporcionar uma imensa alegria e uma profunda tristeza no mesmo dia com a realização de duas coisas impensáveis. Se me perguntassem há 20 anos atrás se eu acharia possível meu time estar caindo para a série D e se algum dia eu imaginaria ser gandula, certamente ambas as coisas me pareceriam improváveis. Todavia, cá estou eu, testemunhando esses dois momentos aos 42 anos de idade.

De um lado uma euforia juvenil. Aliás, se você achava que para ser gandula é necessário ser do sexo masculino e “xoven” você está enganado. Saiba que meu time proporciona essa equidade. Quase dois anos afastada da Vila Capanema, que pra mim é o melhor lugar do mundo, a sensação é mais ou menos como a de reencontrar um grande amor após uma longa viagem. Uma partida decisiva – longe de ser uma decisão (ah que saudades) – porque poderia nos garantir a permanência na porcaria da série C e eu estava felizona, confiante e otimista. O clima do gramado é maravilhoso, os paranistas como sempre acolhedores. Vesti meu uniforme de guerreira valente, de camisa 12, máscara, álcool em gel e água e me posicionei.

De outro lado, uma tristeza desoladora, com certa incredulidade no que fizeram (leia-se Leonardo Oliveira, Oliveiros e Berleze) com o Paraná. Eu estava bem atrás do gol e dizem que coloquei a mão na cabeça antes de a bola entrar. Ganhamos de 3 a zero no primeiro turno e agora que precisávamos da vitória estávamos perdendo em casa. Aquele gol sofrido no início do jogo culminaria na apatia do time ao longo dos outros 85 minutos.

Mas eu fui lá para passar energia positiva. Acreditava que de alguma forma poderia ajudar. Mas não podia torcer! Ah tá! Tentei não torcer. Mesmo assim recebi umas cinco ou seis advertências. Também não podia fazer gestos. Hahaha. Procurei ficar com as mãos para trás. Mas a cada chute a gol do adversário (praticamente não chutamos a gol) eu não poderia permitir que a bola entrasse e obviamente fiz vários gestos nesse sentido. E como não fazer gestos rezando pra Deus? Ou como esconder a decepção por não conseguirem dar passes curtos? Como não gritar: Vaaaai Paraná, ou raça time? Pra cima! Mas o pior mesmo foi quando os reservas do Mirassol se instalaram no meu lado. Que sofrimento. Falei pra um: Ah tá, você pode torcer e eu não? Acho que entenderam o meu desespero. kkk

Mas Paraná é Paraná e não poderíamos ter uma partida sem um gol anulado injustamente, com um jogador a menos, pênalti não marcado a nosso favor. Enfim, um jogo marcado de tristeza, injustiça e, apenas pra mim, gotas de felicidade por estar de gandula.

Eu nunca vou te abandonar.



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*Nota: O conteúdo postado neste espaço (colunas) é de responsabilidade exclusiva do autor, não necessariamente refletindo a opinião da Paranautas sobre os temas aqui abordados.

One thought on “O CÉU E O INFERNO

  1. Que bonito ver esse amor pelo time, pela camisa, pela história. Não esmoreça nunca Cristiane. Não perca esse amor passional. Não perca também essa “jovialidade” que, sim, está aí dento do seu peito. Parabéns pelas palavras e pela alegria em estar participando, mesmo de maneira singela de uma pequena parte da história do clube.

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